sexta-feira, 17 de maio de 2013

O Big Brother da vida real.

Reflita sobre essas situações: a) Sua empresa construiu um novo programa de computador que colocará em xeque os serviços oferecidos por uma grande transnacional, pois tornará obsoleto um determinado  serviço monopolizado por ela que, aliás, lhe rende milhões e milhões de dólares ao ano; b) Você é um ativista político que luta contra as tentativas do seu governo de implantar centenas de hidrelétricas na Amazônia que juntas promoverão a destruição de vastas extensões do território. As ações desenvolvidas por você  e seu grupo criam enormes constrangimentos e prejuízos a poderosas empreiteiras e bancos vinculadas aos empreendimentos. Conseguiu mentalizar as duas situações? Vamos ao próximo passo.

Nas duas situações você se tornou um estorvo e será preciso fazer algo para contê-lo de alguma forma. Então, os contrariados por você resolvem espioná-lo. A alternativa encontrada é introduzir um drone na sua residência a fim de vigiá-lo 24 horas por dia, durante os 07 dias da semana e 365 dias do ano. O drone em questão tem o formato de uma pequena mosca que permanece "colada" em você. Através desse dispositivo seus adversários sabem absolutamente tudo o que você você faz. O que você acha dessa situação?

Um tipo de drone utilizado pelos EUA no Afeganistão
Um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) ou Veículo Aéreo Remotamente Pilotado (VARP), também chamado UAV (do inglês Unmanned Aerial Vehicle) e mais conhecido como drone (zangão, em inglês), é todo e qualquer tipo de aeronave que não necessita de pilotos embarcados para ser guiada. Esses aviões são controlados à distância, por meios eletrônicos e computacionais, sob a supervisão e governo humanos, ou sem a sua intervenção, por meio de Controladores Lógicos Programáveis (PLC) - ver Wikipedia. Se você acompanha de alguma forma pelos meios de comunicação a ocupação militar promovida pelos Estados Unidos no Afeganistão já ouviu falar dos drones. Aliás, no mesmo período em que ocorreu a explosão de uma bomba durante a maratona de Boston alguns poucos jornais noticiaram a morte de dezenas de civis afegãos, a maioria crianças, provocada pelas bombas lançadas por um drone.

A última edição da revista Scientific American traz uma interessante reportagem alertando sobre os perigos à privacidade dos estadunidenses por conta de um possível uso intensivo e extensivo de drones no interior  do próprio país. O debate no Congresso sobre esse assunto está paralisado. Enquanto isso, os órgãos de segurança dos Estados Unidos vêm investindo montanhas de dólares no aperfeiçoamento dos drones, com a possibilidade de que no futuro os mesmos adquiram o formato de uma simples mosca ou vespa para efetuar a vigilância de pessoas, por exemplo. 
Mosca ou drone?
Entretanto, há quem refute tal possibilidade afirmando que tais "veículos" serão empregados no socorro a vítimas de catástrofes ou no combate às drogas, entre outras atividades legais. Quem garante que os drones não serão utilizados para o controle em massa da população quando não há sequer regras claras na legislação estadunidense sobre o assunto?

O genial George Orwell tratou em seu livro 1984 do Grande Irmão (o Big Brother), este capaz de exercer o controle totalitário sobre a sociedade e seus cidadãos. Nada lhe escapava ao controle. Será que os drones vieram para confirmar que essa é uma possibilidade que se torna cada vez mais real? Pense nisso.

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