sábado, 21 de julho de 2012

Incompetência, lixo e desleixo.

Participei hoje pela manhã de uma caminhada com alunas do curso de Pedagogia da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Essas estudantes já encontram-se dando aulas para alunos(as) da primeira a quarta séries, incluindo Geografia e História. Foi um "tour" pela Estação das Docas, Ver o Peso e Feliz Lusitânia. O evento objetivou mostrar a essas alunas as mudanças ocorridas na cidade desde a sua fundação, abordar fatos históricos marcantes ocorridos naque área, as alterações nas funções dos prédios e outros espaços ao logo do tempo e sobre as formas de abordar a geografia com alunos(as) das séries iniciais. A ideia da caminhada foi da Regina Ferreira que está ministrando a disciplina Geografia da Amazônia naquela universidade.


Nosso maravilhoso Ver-o-Peso
Fui convidado para participar da atividade por ser historiador. Uma das coisas que sempre chamou minha atenção diz respeito ao desconhecimento da nossa história por grande parte de nós belenenses. Dos conflitos envolvendo cabanos e forças legalistas que resultou na morte de Antonio Vinagre, ocorrida na esquina das atuais Frutuoso Guimarães com a João Alfredo. Das tentativas de Diogo Antonio Feijó de convencer os ingleses a invadir a Amazônia para destruir a revolta popular cabana. Das estruturas de metal oriundas da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos no Mercado do Ver-o-Peso e nos galpões da Estação das Docas. As pressões de moradores locais sobre famílias de imigrantes japoneses e alemães durante a Segunda Guerra Mundial - não esqueço de uma foto sensacional retratando isso e que foi publicada pelo jornal Folha do Norte. Bem, os exemplos são abundantes.

Revolucionários(as) Cabanos(as)
Recordo que somente fui estudar a Cabanagem quando entrei na UFPA, pois a ditadura militar simplesmente baniu o movimento cabano dos currículos escolares. Daí a importância do resgate dessa história com a Aldeia Cabana e outras iniciativas. Todavia, as forças conservadoras buscam ainda hoje manter sepultada a Cabanagem. Tanto é que a atual administração municipal se refere ao equipamento público da Av. Pedro Miranda como Aldeia Amazônica em vez de Aldeia Cabana.

Sempre fico empolgado quando foco a nossa história. Não obstante, esse post foi escrito para expressar a minha revolta com o estado atual do Complexo Ver-o-Peso, em particular da Feira do Açaí. Senti tanta saudade de como era aquela feira durante o governo do Edmilson Rodrigues, então no PT. Além de local de trabalho de centenas de pessoas envolvidas direta ou indiretamente com a produção e a comercialização do açaí, era também ponto de encontros, de boas conversas, de comidas típicas, de shows, de ouvir música regional, de estar perto de artistas da nossa terra. O que vi durante a caminhada? Lixo, muito lixo em dezenas de sacos amontoados ou simplesmente espalhado pelo chão. A Ladeira do Castelo está destruída, com o calçamento todo arrebentado. Os prédios históricos deteriorados. Enfim, senti profunda vergonha daquilo ali. Como levar amigos que vêm nos visitar para um local daquele, sem estrutura, policiamento precário, sem higiene? Como passear com a família num ambiente nessa situação?

O abandono criminoso do Ver-o-Peso
Sob todos os aspectos a Feira do Açaí e adjacências encontram-se em estado lastimável: segurança, higiene, sanitário, comodidade, atendimento etc. É culpa de quem? De quem continua trabalhando dia e noite naquele local para sobreviver, ou de quem abandonou completamente esse ponto importante da cidade? Aquela área do Ver-o-Peso é, como outras na cidade, importante na formação da nossa própria identidade cultural. Infelizmente temos um "doutor" em "traquinagens" na prefeitura, cuja maior preocupação é gerir seus bens materiais, que cresceram como nunca nesses oitos anos de governo, além da continuidade da sua carreira política.

O Complexo Ver-o-Peso está uma vergonha! Seu abandono expressa a canalhice do bloco de poder que se assenhorou desse ente do Estado que é a prefeitura. Duciomar e sua corja querem mais que aquilo tudo se exploda a fim de que, quem sabe um dia, entupir a área de prédios com quarenta andares. Para eles pouco importa história, cultura e identidade, mas tão somente o tilintar das trinta moedas...
Estudantes de Pedagogia da UEPA
e sua professora Regina Ferreira.

4 comentários:

  1. O EDMILSON depois que tratou mal os professores perdeu milhares de votos!!Fechou as portas da prefeitura na nossa cara, muitos se machucaram (corpo e alma) e , pior, muitos fizeram campanha pra ELE..

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  2. O que posso dizer neste momento é que não há outro candidato melhor preparado que ele para governar Belém. Quanto a porta na cara, os militantes dos movimentos sociais sabem muito bem o que é isso, vide a greve dos servidores federais. Isto sem falar nos muitos militantes que estão respondendo processos por se posicionarem contrários a Belo Monte, ao desmantelamento da legislação ambiental, a redução das áreas de proteção para atender os interesses das mineradoras e madeireiras, da incorporação de milhões de hectares de terras públicas ao mercado etc.

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  3. Fiquei realmente chocada com o que vi na Feira do Açaí e adjacências. Gente, como a paisagem urbana, em forma e conteúdo, pode ser transformada radicalmente, para melhor ou para pior, de acordo com as opções de seus governantes! Precisamos pensar e agir quanto a isso....

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  4. O post tava até bacana antes de começar a propaganda política...

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