Toda vez que vejo meus filhos se divertindo
e sem maiores preocupações fico imaginando como eles serão quando crescerem.
Certamente, como qualquer pai, quero que eles sejam felizes, honestos e
solidários. Dou-lhes carinho, educação e atenção. Dou-lhes comida, os visto e
os levo para passear. Mesmo assim duas perguntas não saem da minha cabeça: É o
suficiente? O que deixarei para eles?
Quando se trata de filhos é
sempre difícil saber se fizemos o suficiente. O mais provável é que uma
sensação de que se podia fazer algo mais permanece ao longo da vida dos pais.
Não que isso vá redundar necessariamente num sentimento de culpa incontornável.
Não é isso. Quero apenas ressaltar que a felicidade dos pais está intimamente
relacionada à felicidade dos filhos. E creio que o inverso também seja
verdadeiro.
Quanto à segunda pergunta: o que
deixarei para os meus filhos? Bens materiais? Alguns certamente. Todavia, por
incrível que possa parecer, essa é a questão mais bem resolvida na minha
cabeça: deixarei a eles boas lembranças. Lembranças das vezes que fomos juntos
à praia ou que ouvimos músicas, dos carinhosos olhares, das trocas de afeto,
das vezes que tentamos identificar estrelas e constelações lá no interior do
estado, das caretas e poses que fizemos para as fotografias de família, das
pequenas confidências, das piadas que trocamos pela internet, das revistinhas
que lemos juntos, das vezes que os busquei nas festinhas, das brincadeiras por
causa do crescimento dos pêlos e de outras partes mais, da atenção dada quando
eles ficaram doentes. Enfim, por conta desses e de outros detalhes preciosos.
As boas lembranças serão a
condição da minha própria imortalidade. Não entendeu? É que por causa das boas
lembranças gravadas na mente e no coração dos meus filhos eles terão o maior
orgulho de falar de mim para os meus netos, que por sua vez falarão para os
seus filhos e assim por diante. Guardarão com carinho meus livros, meus discos,
minhas lembranças e meus ensinamentos.
Sabem com quem aprendi isso? Com
o Menino Maluquinho. Foi com ele que descobri que se um cara é legal quando
adulto, é porque ele foi um menino feliz. E meninos felizes têm boas
lembranças.
Manhã
de 17/08/2003
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