É muito comum grandes empresas de comunicação apresentarem-se através de matérias jornalísticas e/ou das análises de seus/suas comentaristas como representantes da "opinião pública". A "opinião pública pensa isso", a "opinião pública não tolera mais", a "opinião pública exige providências" bradam eles e elas a todo momento. Mas quem diabos é essa opinião pública?
Com o avanço das novas tecnologias as corporações empresariais da comunicação têm perdido paulatinamente o monopólio da informação. Hoje, não adianta mais o Jornal Nacional, a VEJA, o Estadão, O Globo e a Folha de São Paulo, por exemplo, omitirem informações que lhes são indesejadas por conta de acordos ou negócios que mantêm com determinados grupos políticos e econômicos. Observe o caso Carlinhos Cachoeira/Demóstenes Torres. Está ficando cada vez mais evidente a vinculação do Grupo Abril, responsável pela revista Veja, com o esquema criminoso. Não obstante, os veículos citados acima batem na tecla de que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) investigará a relação do bicheiro com políticos e partidos. Escondem que jornalistas e grupos de comunicação também são alvos das investigações. E não se assustem: caso o Roberto Civita e Policarpo Junior, presidente do Grupo Abril e chefe da sucursal da VEJA em Brasília, respectivamente, sejam convocados pela CPMI seremos inundados de matérias sensacionalistas denunciando atentados contra a liberdade de imprensa e à democracia. Entretanto, liberdade de imprensa e libertinagem das empresas de comunicação não são a mesma coisa.
Ao que tudo indica o que houve nesse episódio envolvendo a VEJA e o bicheiro foi uma associação criminosa para atingir fins ilícitos. Foram usados diversos expediente ilegais como escutas clandestinas, invasão de privacidade, extorsão, desvio de recursos públicos, acusações mentirosas etc., para garantir a expansão das atividades do grupo de Cachoeira. Matérias "plantadas" na imprensa tinham como objetivo afastar concorrentes e/ou abrir "novas oportunidades" de negócios ao bando. Em troca, a revista tinha acesso a informações obtidas ilegalmente para detonar o governo federal e aliados em favor da oposição. Há, inclusive, a confirmação de pagamento de "mensalinho" a jornalistas como Claudio Humberto (ex-porta voz do Collor) e Mino Pedrosa (da revista Isto É) para "ferrar" com os adversários do bicheiro e de seu grupo. Muitos outros parecem ter sido "agraciados" com os "mimos" de Cachoeira.
Os grupos empresarias de comunicação - com exceção neste momento da TV Record e do site do Terra - não informam que durante o mandato de governador de São Paulo, José Serra repassou cerca de R$ 34 milhões à VEJA por conta da compra de exemplares da revista e de outras publicações do Grupo Abril para escolas. Todavia, segundo diversos educadores, esses materiais não eram adequados para o trabalho pedagógico com as crianças.
Enquanto o Globo e todas as outras buscam relacionar a Delta, uma das grandes beneficiárias do esquema criminoso de Carlinhos Cachoeira, com o governo Sérgio Cabral (RJ), "esquecem-se" que o governo de São Paulo durante as gestões de Alckimin e Serra repassaram mais de R$ 900 milhões àquela empresa e há possibilidades reais de que tenham ocorrido desvios de recursos em muitas obras, em especial na ampliação da marginal do rio Tietê, cujo custo por quilômetro é superior ao da construção do Eurotunel, sob o Canal da Mancha, que liga a França à Inglaterra; obra muito mais complexa que a realizada em São Paulo.
Os grupos empresariais de comunicação decidiram que isso não é importante e que à "opinião pública" somente interessa averiguar questões secundárias desse intrincado esquema de corrupção que atinge diversos estados, vários partidos políticos da situação e da oposição, membros do poder judiciário - inclusive há suspeitas sobre determinado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Contudo, para nós, a "opinião pública", interessa saber quem roubou, quanto roubou, como esses valores serão ressarcidos aos cofres públicos e de que forma funciona o esquema criminoso que envolve jornalistas e empresas de comunicação na tentativa de gerar sucessivas crises institucionais. Queremos tudo apurado, julgado e os criminosos na cadeia; sejam eles quem forem. E não adianta sonegar informações porque isso é simplesmente impossível no mundo atual.
Nosso país jamais será uma democracia se continuarmos tutelados pelas corporações empresariais da comunicação. Sigamos o exemplo da Inglaterra que está apurando as ações criminosas do dono de um império jornalístico mundial, o "empresário" australiano Keith Ruperth Murdoch. Lá foi a própria imprensa quem denunciou as ações criminosas do grupo. Cortou na própria carne. Aqui, Pilatos é o santo da Globo, VEJA, Estadão, Folha e outros.
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