terça-feira, 18 de junho de 2013

Belém do Pará na contramão do Brasil

Começo essa postagem admitindo que errei ao fazer algumas interpretações sobre o Movimento Passe Livre, na semana passada. Não errei exatamente como o Arnaldo Jabor, que em uma semana meteu o cacete no movimento em rede nacional de televisão e na outra pediu desculpas via rádio. Na verdade eu analisava em uma conversa casual na minha casa de que eu achava totalmente válidas as manifestações ocorridas, até então, em São Paulo, mas que o aumento da passagem de ônibus não justificava tanto vandalismo, como se viu pela televisão.
Puro engano, meus amigos. Dois enganos na verdade. O primeiro deles foi achar que os protestos eram apenas por 20 centavos e o segundo por acreditar no que eu vi pela tv e achar que o vandalismo começou pelos manifestantes. Temos inúmeras provas de que a culpa de tamanha depredação não foi, em sua maioria, dos manifestantes (prova 1, prova 2, prova 3, entre outras).
Qualquer um que passar meia hora na internet vai ver inúmeras análises sobre como e porquê tudo isso está acontecendo no Brasil. A minha é a de que tínhamos já há algum tempo várias condições necessárias que geraram toda essa insatisfação popular. Há muito nos deparamos com inúmeras denúncias de corrupção dos mais diversos partidos, assim como o mal gasto do dinheiro público, os sucessivos aumentos dos salários dos deputados, Feliciano na Câmara, Calheiros na presidência do Senado, altíssimos impostos, a precarização dos serviços prestados pelo Estado, o abuso das grandes empresas privadas à nossa saúde, meio ambiente e bem estar. Se não houvesse tanta insatisfação anteriormente, a Dilma não teria pego uma vaia tão grande no sábado passado. Porém até mesmo a Copa das confederações, a Copa do Mundo e as Olímpíadas não foram suficientes para gerar o estopim do que está acontecendo. Na verdade a gota d'água não foram nem esses 20 centavos em São Paulo: a culpa do estopim foi da grande imprensa nacional e da polícia militar de São Paulo.

Ao lado de Joseph Blatter, Dilma é vaiada na abertura da Copa das Confederações

Os grandes responsáveis pelos protestos adquirirem caráter nacional foram o Governador Geraldo Alckmin e o Prefeito Fernando Haddad, ambos de São Paulo (estado e capital). Chamar os manifestantes de baderneiros e dizer que não ia negociar com eles foi um tiro no pé. A grande imprensa também teve contribuição vital para a geração do estopim, quando na quinta-feira, dia 13/06, pediu em seus editoriais uma ação mais enérgica dos policiais, o que culminou até então na noite mais violenta dos protestos. Pronto, agora sim o estopim fora aceso. Os jornais mudaram completamente de estratégia depois da quinta-feira, com vários repórteres feridos nos confrontos e os inúmeros vídeos feitos pelos próprios manifestantes denunciando a truculência da polícia paulista. Ficou claro que eles perderam a batalha da informação. Vale ressaltar que o meu vídeo preferido é esse a seguir:


Mas o vídeo que o grupo denominado Anonymous fez com a nova música d'O Rappa foi sensacional também:


Por falar nessa música, a Fiat resolveu tirar o comercial do ar depois dela ser usada nos protestos. Ou seja, meus amigos, toda aquela insatisfação que já ocorria, somada com o aumento da tarifa de ônibus, mais a reação dos governantes e a truculência dos policiais geraram as manifestações que estamos vendo Brasil a fora. Ontem mais de 50 protestos foram contabilizados em diferentes cidades do Brasil. Houve tentativa de invasão da sede do governo de São Paulo, do Rio de Janeiro e Paraná. Em Brasília os manifestantes tomaram o Congresso Nacional. Não se via algo parecido no Brasil desde o movimento dos "Caras Pintadas", que pedia o Impeachment do então Presidente Collor, há 21 anos atrás.

Brasília tomada por manifestantes, dia 17/06/2013.

Ontem também houve diversos abusos, principalmente no Rio de Janeiro, que reuniu 100 mil pessoas nos protestos. Não deixem de ver o vídeo a seguir, não consigo pensar em outra coisa senão uma guerra civil:


Como o movimento se tornou nacional, aqui em Belém nos mobilizamos também, tanto como forma de apoio aos demais estados como pra reinvindicar nossas próprias demandas. "Pare Belo Monte!", "Vem pra rua", "Copa do Mundo não, queremos Educação!", entre outros cânticos foram entoados. O protesto reuniu pelo menos 13 mil pessoas e foi COMPLETAMENTE pacífico, de ambos os lados. Muitos jovens, que fazem universidade e até que ainda estão no Ensino Médio estavam presentes, assim como outros setores da sociedade civil, como o movimento de mulheres, associações específicas de estudantes, e alguns poucos militantes de partidos políticos, como podemos ver nesse vídeo lindo, como todo mundo cantando o hino nacional.



Pelo Facebook, eu vi muitas manifestações de agradecimento à polícia militar do Pará, por terem acompanhado todo o trajeto da manifestação, sem em nenhum momento ter feito qualquer tentativa de intimidação ou algo do tipo. Muitos se surpreenderam com essa posição, ainda mais com uma instituição que ficou marcada pelo massacre que ocorreu em Eldorado dos Carajás há 17 anos atrás (do então governador Almir Gabriel, que era do mesmo partido do atual governador Simão Jatene, do PSDB), além de toda violência vista nos outros estados. Eu confesso que desconfio e muito da polícia do nosso estado (já peguei porrada sem motivos, junto com meu irmão e amigos, depois de um jogo do Clube do Remo, no Mangueirão), mas realmente foi muito boa a posição deles na nossa manifestação. Ainda assim, eu não me surpreendi com isso: seria no mínimo idiotice a polícia sentar o cacete na gente, visto a grande repercussão do que aconteceu nos outros estados. Duvido muito se a posição seria a mesma se esse nosso protesto tivesse ocorrido na semana passada, junto com o início dos protestos em São Paulo.
É justamente por isso o motivo do título dessa postagem. Belém vai, graças a Deus, na contramão no resto do Brasil, justamente pelo fato de não ter havido violência ontem. Posso estar muito errado (e espero estar), mas acho sinceramente que o caráter pacífico do nosso ato de ontem vai fazer com quem as pessoas acalmem os ânimos e que os demais protestos sejam menores. O governo do Estado e a Prefeitura (que são governados pelo mesmo partido) não tem nenhum interesse que o que tá acontecendo nos outros estados aconteça aqui também, e passaram a seguir a nova estratégia da mídia nacional de elogiar e tornar válidas as manifestações, e canalizar tudo que há de ruim para o governo federal.
É fácil ver a mudança da grande mídia nacional. Como vimos anteriormente, o Jabor mudou completamente de discurso, mas uma análise mais profunda mostra a tentativa de fazer tudo se voltar contra o governo federal. Na verdade não acho que ele está tão errado, realmente o governo federal tem muitos problemas de gestão, e a Copa do Mundo é um enorme exemplo disso, mas daí a dizer que a Dilma ou o PT são os únicos responsáveis pelo problemas da nação, é demais. Precisamos tomar cuidado pra mídia não nos manipular e tentar conduzir os nossos protestos. A falta de liderança do movimento, justamente por ser feito por várias pessoas que resolveram se unir, pode facilitar essa nova tentativa de manipulação da mídia. Precisamos urgentemente discutir os rumos do movimento, chamar mais pessoas pra causa e não parar de lutar pelos nossos direitos.
Belém do Pará, que deu um exemplo pro Brasil, vamos à luta!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Santo Agostinho e o tempo.

Santo Agostinho de Hipona
(354-430)
O que é o tempo? Santo Agostinho se colocou tal indagação há muitos séculos atrás, mas demonstrou dificuldade em dizer o que o tempo é: (...) E no entanto, haverá noção mais familiar e mais conhecida usada em nossas conversações? Quando falamos dele, certamente compreendemos o que dizemos; o mesmo acontece quando ouvimos alguém falar do tempo. Que é, pois, o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; mas se quiser explicar a quem indaga, já não sei. (...)(Santo Agostinho. Confissões. Tradução: Alex Marins – São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 268). Não há como negar que quando alguém fala do tempo para nós parece não haver qualquer dúvida quanto ao seu significado, mas você seria capaz de afirmar o que é o tempo? Conceituar o tempo talvez seja um dos maiores problemas que se colocam ao conhecimento humano desde priscas eras. Portanto, não fique "bolado" por isso.

Para Santo Agostinho, Deus é o criador de tudo o que há no universo, inclusive o tempo. Ou seja, a existência de Deus não se dá no tempo, porque este é fruto da criação divina. Daí ser um absurdo, de acordo com aquele doutor da Igreja Católica, alguém perguntar o que fazia Deus antes de criar o universo, simplesmente porque não haveria o antes. Então, não havia sentido tratar de algo inexistente antes de Deus tê-lo criado:

Se algum espírito leviano, vagando por tempos imaginários anteriores à criação, se admirar que o Deus Todo-Poderoso, tu, que criaste e conservas todas as coisas, ó autor do céu e da terra, tenha-te mantido inativo até o dia da criação, por séculos sem conta, que esse desperte e tome consciência do erro que gera sua admiração. Como, pois, poderiam transcorrer os séculos se tu, criador, ainda não os tinha criado? E poderia o tempo fluir se não existisse? E como poderiam os séculos passar, se jamais houvessem existido? Portanto, como és o criador e todos os tempos, – se é que houve algum tempo antes da criação do céu e da terra – como se pode afirmar que ficaste ocioso? Pois também criaste esse mesmo tempo, e este não poderia passar antes que o criasse.
(...) Se porém antes do céu e da terra não havia tempo algum, porque perguntam o que fazias então? Não poderia haver então se não existia o tempo (p. 266-267).

 Se tomarmos como base as afirmações de Santo Agostinho chegamos à conclusão de que o tempo não é eterno, no sentido filosófico da sempiternidade, já que o tempo teria uma datação por ter nascido em determinado momento. Nesse caso, somente Deus seria sempiterno, enquanto o tempo não:
Entendemos confusamente por eternidade duas coisas, que convém distinguir. A eternidade pode significar, como em Santo Agostinho, e antes dele em Parmênides, Platão e Plotino, o Ser presente que não tem passado nem futuro. Ver as coisas sob o prisma da eternidade, como preconiza Espinosa, é considerá-las presentes à razão, em sua totalidade. Mas o senso comum entende por eternidade o que chamamos, na tradição filosófica, de sempiternidade (sempiternitas), quer dizer, uma duração que não se esgota jamais, com um futuro que nunca pára de advir ou de chegar, e um passado que cresce incessantemente: um tempo que nunca acaba de passar, tal qual um disco que não pára de girar... “sempiternamente”. É assim que o crente comum imagina a vida eterna no paraíso: um tempo sem fim que adentra pelos séculos dos séculos, ao passo que, de um ponto de vista teológico, a felicidade eterna do paraíso consiste em ser plenamente sem a expectativa de um futuro que ainda não teria chegado, sem os lamentos de um passado que já teria transcorrido, mas na contemplação da glória eternamente presente do Ser divino.
Ora, o mundo não é eterno no sentido de sempiterno: o mundo não existiu sempre, seu passado não é infinito; os terráqueos que somos atribuímos-lhe uma existência de uns 15 bilhões de anos aproximadamente... A menos que um período de contração, ou outro fator desconhecido, tenha precedido este período de expansão, e que o Big Bang tenha-se seguido à desagregação (big crunch) de um universo precedente; neste caso não haveria eternidade, mas na verdade sempiternidade do mundo.
Se existe eternidade do mundo, esta não se refere à sua existência material mutável, mas às suas leis, à sua ordem. (PIETTRE, Bernard. Filosofia e ciência do tempo/Bernard Piettre; tradução: Maria Antonia Pires de Carvalho Figueiredo. – Bauru, SP: EDUSC, 1997p. 198-200).
Ocorre, porém, que para Santo Agostinho há somente o presente. Nem passado e nem futuro existem realmente. O primeiro porque já passou. O segundo porque ainda não chegou. Nesse caso, o passado só se apresenta para nós enquanto memória; e o futuro enquanto esperança. Já o presente seria a percepção direta que temos dele. Por conseguinte, os três tempos existentes para Santo Agostinho são: o presente do passado, o presente do presente e o presente do futuro. Essa perspectiva influenciou pensadores de diversas matizes teóricas, inclusive alguns marxistas.

Entretanto, há quem afirme que o tempo agostiniano é o tempo da alma e não o tempo do mundo. Contudo, isso é uma história...

domingo, 19 de maio de 2013

Deus, a Arca de Noé, o salvamento dos dinossauros e a ciência.

A Arca de Noé
Três situações. A primeira: Há alguns dias atrás um grupo de participantes da Convenção Americana de Paleontologia resolveu visitar o Museu da Criação, localizado no norte do estado de Kentucky. O tal museu foi edificado por membros de várias denominações religiosas que contestam a Teoria da Evolução das Espécies, elaborada por Charles Darwin. Segundo os organizadores do museu, a Terra, o universo, os dinossauros, o homo sapiens e tudo mais têm apenas 6.000 anos de idade. Ou seja, Deus teria criado a um só tempo tudo o que há ou existiu no nosso planeta. Para os criacionistas os dinossauros morreram por causa do dilúvio em 2.348 a.C., mas cerca de 50 espécies foram salvas por Noé em sua arca. Todavia, como explicar a diversidade de plantas e animais existentes em nosso planeta em tão pouco tempo? A resposta dada é que "Deus forneceu aos organismos ferramentas especiais para mudar rapidamente". Simples assim!
Martinho Lutero

A segunda: Em 1539, Martinho Lutero (1483-1546) se mostrava inconformado com a teoria apresentada pelo cônego polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), que situava o Sol no centro do sistema planetário e não mais a Terra. Até o Renascimento o pensamento hegemônico era que o nosso planeta ocupava o centro do universo. Tal ideia de Copérnico, segundo Lutero e a própria Igreja Católica, ia de encontro ao que estava na Bíblia, pois de acordo com a leitura literal que faziam das sagradas escrituras, Deus colocou a humanidade no epicentro do universo por ser sua imagem e semelhança. Lutero bradou contra Copérnico: "Este louco quer inverter todas a ciência da astronomia; mas as sagradas escrituras nos dizem (Josué 10,13) que Josué ordenou que o Sol parasse,  não a Terra".

A terceira: Galileu Galilei (1564-1642), matemático, físico e astrônomo italiano, sofreu perseguição por parte da Igreja Católica que não aceitava suas conclusões posto que colocavam em xeque, entre outras coisas, a teoria que supunha Terra no centro do universo. Através de um livro lançado em 1610 intitulado O Mensageiro das Estrelas (Sidereus Nuncius) apresentou várias de suas descobertas: os satélites de Júpiter, as montanhas e as crateras da Lua e outras mais. Por conta do questionamento que fazia à teoria geocêntrica, formulada por Claudius Ptolomeu  (85-165) e que respondia aos interesses e expectativas da Igreja Católica e de outras denominações cristãs, foi duramente perseguido pela Inquisição e somente não foi queimado na fogueira porque renunciou (oficialmente) às suas ideias.

Galileu Galilei
Nos três casos citados percebe-se o conflito latente entre religião e ciência. Se, de um lado, os criacionistas nos remetem ao obscurantismo por conta da negação das conquistas científicas proporcionadas pela Teoria da Evolução das Espécies para a melhor compreensão do mundo em que vivemos; de outro, a ciência, não possui em si mesma a verdade. Aliás, a última edição da Revista Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), traz uma interessante matéria intitulada Confiabilidade em crise: até onde podemos acreditar na literatura científica? A reflexão que a matéria suscita diz respeito a aparente objetividade da literatura científica da área biomédica e a ocultação dos conflitos de interesse, erros de pesquisas, o papel dos financiadores, assim como propugna maior transparência na apresentação e debate dos resultados das pesquisas.

É preciso sempre ressaltar: a ciência não trabalha a partir de dogmas e é ciência justamente porque pode ser questionada. Esses são alguns dos aspectos cruciais que a diferencia da religião. Atualmente existem muitos pontos de atritos entre ciência e religião como os casos referentes ao aborto e aos estudos com células-tronco. Como enfrentá-los de maneira a atender essencialmente os interesses da sociedade e não somente de pequenos grupos - sejam eles econômicos, políticos ou religiosos - é, talvez, o grande desafio que se impõe a todos(as) nós. Contudo, o posicionamento de setores como os dos organizadores do Museu da Criação  pouco ou nada ajudam ao bom diálogo.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O Big Brother da vida real.

Reflita sobre essas situações: a) Sua empresa construiu um novo programa de computador que colocará em xeque os serviços oferecidos por uma grande transnacional, pois tornará obsoleto um determinado  serviço monopolizado por ela que, aliás, lhe rende milhões e milhões de dólares ao ano; b) Você é um ativista político que luta contra as tentativas do seu governo de implantar centenas de hidrelétricas na Amazônia que juntas promoverão a destruição de vastas extensões do território. As ações desenvolvidas por você  e seu grupo criam enormes constrangimentos e prejuízos a poderosas empreiteiras e bancos vinculadas aos empreendimentos. Conseguiu mentalizar as duas situações? Vamos ao próximo passo.

Nas duas situações você se tornou um estorvo e será preciso fazer algo para contê-lo de alguma forma. Então, os contrariados por você resolvem espioná-lo. A alternativa encontrada é introduzir um drone na sua residência a fim de vigiá-lo 24 horas por dia, durante os 07 dias da semana e 365 dias do ano. O drone em questão tem o formato de uma pequena mosca que permanece "colada" em você. Através desse dispositivo seus adversários sabem absolutamente tudo o que você você faz. O que você acha dessa situação?

Um tipo de drone utilizado pelos EUA no Afeganistão
Um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) ou Veículo Aéreo Remotamente Pilotado (VARP), também chamado UAV (do inglês Unmanned Aerial Vehicle) e mais conhecido como drone (zangão, em inglês), é todo e qualquer tipo de aeronave que não necessita de pilotos embarcados para ser guiada. Esses aviões são controlados à distância, por meios eletrônicos e computacionais, sob a supervisão e governo humanos, ou sem a sua intervenção, por meio de Controladores Lógicos Programáveis (PLC) - ver Wikipedia. Se você acompanha de alguma forma pelos meios de comunicação a ocupação militar promovida pelos Estados Unidos no Afeganistão já ouviu falar dos drones. Aliás, no mesmo período em que ocorreu a explosão de uma bomba durante a maratona de Boston alguns poucos jornais noticiaram a morte de dezenas de civis afegãos, a maioria crianças, provocada pelas bombas lançadas por um drone.

A última edição da revista Scientific American traz uma interessante reportagem alertando sobre os perigos à privacidade dos estadunidenses por conta de um possível uso intensivo e extensivo de drones no interior  do próprio país. O debate no Congresso sobre esse assunto está paralisado. Enquanto isso, os órgãos de segurança dos Estados Unidos vêm investindo montanhas de dólares no aperfeiçoamento dos drones, com a possibilidade de que no futuro os mesmos adquiram o formato de uma simples mosca ou vespa para efetuar a vigilância de pessoas, por exemplo. 
Mosca ou drone?
Entretanto, há quem refute tal possibilidade afirmando que tais "veículos" serão empregados no socorro a vítimas de catástrofes ou no combate às drogas, entre outras atividades legais. Quem garante que os drones não serão utilizados para o controle em massa da população quando não há sequer regras claras na legislação estadunidense sobre o assunto?

O genial George Orwell tratou em seu livro 1984 do Grande Irmão (o Big Brother), este capaz de exercer o controle totalitário sobre a sociedade e seus cidadãos. Nada lhe escapava ao controle. Será que os drones vieram para confirmar que essa é uma possibilidade que se torna cada vez mais real? Pense nisso.