sexta-feira, 9 de setembro de 2011

11 de setembro: o domínio pelo medo.

Dia 11 de setembro de 2011. Dez anos se passaram desde o ataque às Torres Gêmeas. Cerca de 3.000 inocentes assassinados por imbecilidade, ódio, intolerância, estupidez. É comum ouvirmos de importantes (e outros não tão importantes) comentaristas políticos que o planeta não é mais o mesmo desde então. Isto é verdade.

O grande intelectual estudunidense Noam Chomsky, nascido na Filadelfia. em 1928, publicou anos atrás um livro em que ele mostra o uso do medo como arma política utilizada pelo Tio Sam para estender seu poder a todos os continentes. O medo continua sendo um elemento da mais elevada importância para que os sucessivos governos dos EUA canalizem o apoio da população do país - e de outros também - às suas políticas externas. Dois exemplos a seguir.

Com Ronald Reagan, no início da década de 1980, o objetivo era livrar os EUA de um possível ataque nuclear em massa da então União Soviética. Este foi o mote para o início do projeto Guerra nas Estrelas que previa, entre outras ações, a constituição de uma rede sofisticada de satélites militares com o objetivo de formar um escudo que permitisse a destruição dos mísseis soviéticos ainda no espaço. Foram trilhões de dólares gastos na indústria bélica. A União Soviética entrou em colapso, vários países foram constituídos e o ataque não aconteceu.

Com George Bush (Baby Bush), o ataque de 11 de setembro serviu de mote para a chamada guerra preventiva, que nada mais é que o direito outorgado pelos EUA a si mesmo para invadir qualquer pais que considerem hostil a seus interesses. Com isso, os estadunidenses simplesmente rasgaram os acordos internacionais, desmoralizaram a Organização das Nações Unidas (ONU) e se auto-proclamaram os imperadores mundiais.

Sem os soviéticos para representar o mal no mundo era crucial encontrar um novo inimigo. Eis que chega o dia 11 de setembro de 2001: os ataques às torres gêmeas de Nova Iorque caíram com o uma luva para os Falcões do Pentágono e a indústria bélica estadunidense. A extrema direita ficou exultante. "Viva, encontramos o nosso novo inimigo!", gritaram Bush e todos aqueles que vivem do medo da população. A partir daquele momento os muçulmanos passaram a ser a "bola da vez".

De uma hora pra outra antigos aliados transformaram-se quase que por encanto em assassinos cruéis que deveriam ser punidos a qualquer custo. Foi assim que Sadam Hussein e Bin Laden - antigos colaboradores da Agência Central de Inteligência (CIA), armados, treinados e financiados por esta - tiveram seus dias contados. O Iraque foi invadido sob o pretexto de que possuía armas de destruição em massa. Pura mentira. Nada jamais foi encontrado naquele país. Bin Laden, aliado dos EUA na luta contra os soviéticos no Afeganistão, foi recentemente assassinado. Como panos de fundo político e econômico vinculados a esses dois acontecimentos estão as enormes reservas de petróleo iraquiano, a fantástica jazida de lítio e outros minerais estratégicos para a nova revolução tecnológica em andamento (usados em computadores e satélites, por exemplo) encontrados no Afeganistão, ou dutos de petróleo que atravessam este país e que são importantíssimos ao "Ocidente" e por aí vai.

Os ataques às torres gêmeas foram magistralmente utilizados por Bush e seus comparsas para estender seu domínio de forma avassaladora nos EUA e no mundo. O medo disseminado todos os dias pelos grandes meios de comunicação, que reproduriam incessantemente os discursos oficiais resultou, entre outras medidas, na aprovação do Ato Patriótico. Com o Ato Patriótico os poderes do governo Bush foram alargados. A partir daquele momento a CIA e o Federal Bureau of Investigation (FBI) poderiam interceptar ligações telefônicas, abrir correspondências, vasculhar a vida privada de pessoas (como o uso do cartão de crédito e mesmo os emails) quando considerassem necessário na luta contra os terroristas. Os direitos civis estadunidenses, duramente conquistados através de lutas memoráveis como a capitaneada pelo pastor negro Matin Luther King Jr. foram jogados na lata do lixo.

A partir de 11 de setembro de 2011 todo qualquer estadunidense e/ou estrangeiro residente naquele país passou a ser encarado como inimigo em potencial. O medo foi disseminado na sociedade. A paranóia tomou conta de mentes e corações, pois, o vizinho, o leiteiro, o entregador de pizza ou o jardineiro, nunca se sabe, qualquer um deles poderia ser um terrorista disfarçado, pronto para cometer atos insanos.

Pelo menos 200 pessoas encontram-se presas sem qualquer comprovação de ligação com terroristas nos EUA. Muitos foram encarcerados apenas por professarem a religião islâmica, terem viajado a países do Oriente Médio ou outros considerados perigosos pelo Tio Sam. O Jornal da Record do dia 08 de setembro mostrou o caso de duas famílias muçulmanas vivendo essa situação nos Estados Unidos. Num dos casos o FBI introduziu um informante entre a família. Este forjou provas contra quatro rapazes (muçulmanos de origem albanesa). A "justiça" estadunidense com base nas mentiras criadas mantêm os jovens presos e pode condená-los ao cárcere pro resto das suas vidas. Um ex-agente do FBI entrevistado disse que esses informantes se multiplicaram aos milhares nos EUA após o ataque às torres gêmeas, recebem dinheiro do governo para gerar informações de interesse do governo na sua "luta contra o terror". Segundo ele, quando não possuem nada de interessante esses informantes forjam provas.

Devemos lamentar e condenar o assassinato das 3.000 pessoas ocorrido em 11 de setembro de 2001? Evidentemente que sim. Todavia, não podemos fechar os olhos para o fato de que todos os dias centenas de civis inocentes são assassinados por forças militares estadunidenses ao redor do planeta, como no Iraque e no Afeganistão. São vários os casos já comprovados de execuções sumárias contra homens, mulheres e crianças promovidas por forças especiais do Tio Sam. Não podemos esquecer que o Tio Sam armou, financiou e treinou as polícias secretas de Muamar Kadhafi, Sadam Hussein e de muitos outros ditadores para as usarem contra civis inocentes e opositores aos seus regimes. Esse foi o caso da ditadura brasileira, cujos militares foram devidamente treinados sobre a "arte de torturar" para obter informações de "terroristas".


Não, as homenagens que devemos prestar às 3.000 pessoas assassinadas em Nova Iorque não devem e nem podem nos fazer esquecer os atos criminosos dos Estados Unidos que ceifam a vida de homens, mulheres e crianças inocentes todos os dias pelo mundo. Estes também merecem ser lembrados e pranteados. Acima de tudo merecem que a justiça seja feita. Não por loucos suicidas, mas pela punição dos que estão e/ou estiveram nos altos escalões do governo dos EUA.

E a grande desgraça disso tudo é que o mundo não ficou mais seguro...

Lasanheiros e lasanheiras, esta é a minha opinião.

2 comentários:

  1. Putz, esse artigo deveria ser publicado em jornal de grande circulação pra que as pessoas tenham a chance de refletir que o povo dos Estados Unidos é vítima, tal qual o povo afegão, mas o seu país é o grande vilão que patrocina a guerra e coloca o mundo inteiro em risco!

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  2. Lindo.
    Só torço pra que a galera do Tio Sam não leia isso e te declare um terrorista =D

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